Durante os últimos finais de semana de julho acontece o tradicional Festival de Inverno de Paranapiacaba, que recebe milhares de turistas. Nós também estivemos lá. Foi no último domingo, 17, uma excursão envolvendo lobinhos, escoteiros, seniores, pioneiros, pais, chefia e dirigentes do GE Águia Branca e também amigos do GE Domingos Tonini.
O cenário, Paranapiacaba, é um belíssimo distrito histórico do município de Santo André-SP. Herdado da antiga São Paulo Railway, companhia britânica que construía as linhas ferroviárias por aqui no tempo dos barões do café; é um vilarejo repleto de cultura, história, natureza e trilhas para aqueles que buscam um pouco mais de aventura.
Tudo gira em torno da linha férrea , implantada por intermédio do Barão de Mauá em 1859 que ligava São Paulo ao porto de Santos (até hoje um dos principais locais de escoamento da produção paulista). Nas construções na parte baixa da cidade construída pelos ingleses protestantes) encontramos a antiga estação, galpões de manutenção de trens, a casa das máquinas, parte do Sistema Funicular que fazia o transporte na subida da Serra do Mar e residências desde pequenos cômodos para funcionários até o chamado 'Castelinho', a casa do engenheiro chefe. A parte alta era habitada pelos portugueses católicos.
Com tudo isso, já dá pra perceber que o Festival de Inverno é um evento cultural que vale à pena participar. Saímos pela manhã da sede do Grupo Escoteiro e (não poderia ser diferente) seguimos de trem até a estação em funcionamento mais próxima do nosso destino, a de Rio Grande da Serra. De lá, um trajeto de ônibus onde já se pode perceber a preservaçao da natureza na região da Serra do Mar.
Chegando em Paranapiacaba pela parte alta, atravessamos o antigo viaduto por cima da linha do trem, de onde pode-se avistar a torre do relógio que lembra o inglês Big Bang e também toda parte baixa do vilarejo.
A organização do evento utilizou-se dos principais locais históricos para servirem de palco a apresentações de música, dança, poesia e exposições históricas. Além das atrações oferecidas pelo Festival, haviam aquelas que são fixas na cidade e também estavam abertas à visitação: Museus Ferroviários foram visitados pelos ramos Lobinho e Escoteiro e pequenas trilhas foram realizadas pelos Sêniores e Pioneiros.
Ao cair da tarde, no horário da refeição (levada pelos jovens ou compradas nas barracas ínstaladas pelas ruas de Paranapiacaba) o fenômeno natural mais esperado da visita: O famoso 'Fog', neblina similar à londrina.
Conta a lenda de Paranapiacaba que uma moça da parte alta da cidade (mais pobre) ia casar-se com um rapaz rico da parte baixa. A noiva já estava preparada com seu vestido e um véu que de tão grande estendia-se para fora da igrejinha da cidade. Os pais dele ao descobrirem a origem humilde da noiva impediram a realização do sonho do casal apaixonado. Ela então, de tanto desgosto por ser "abandonada" no altar, acabou com a própria vida jogando-se de um precipício. Desde então, todo final de tarde ela estende seu enorme véu (a neblina) sobre a cidade e leva um homem consigo.